Na nossa rotina diária, temos alguns hábitos que são pequenos prazeres na vida. Capazes de influenciar o nosso humor, a nossa energia e nos providenciar conforto. Quantos de nós não vivem sem um belo café da manhã? Nos dias chuvosos e frios de Inverno é inegável a sensação de bem-estar e tranquilidade que temos ao beber uma chávena de chá ou infusão por entre os cobertores.
Claro que todos os nossos hábitos, têm um impacto ambiental associado que pode ser minimizado quando escolhemos um produto com certificação e em embalagens que minimizam o desperdício.
Para um consumo consciente não temos que deixar de consumir café, chá, infusões. Apenas temos de repensar a forma como o fazemos.
E não esquecer que sempre que compramos algo, é um voto de apoio e confiança nessa marca e nos seus valores.
O impacto da produção de chá
A indústria de produção de chá é uma força económica que afeta milhões de pessoas, assumindo especial importância em países como a India, China, Quénia, Indonésia, Sri Lanka e Malawi.
Infelizmente, tem um impacto ambiental a ter em conta.
A planta do chá requer condições especificas de ambiente e clima para o seu crescimento favorável. Sendo que muitas vezes estes locais ideais são em zonas remotas e refúgios de biodiversidade. O cultivo destas áreas, em monocultura e de forma intensiva, torna estas plantas vulneráveis a pragas e incentiva o uso de pesticidas e herbicidas, agravando a perda de biodiversidade, erosão e degradação dos solos.
As etapas envolvidas na produção de chá (Murchar, secar, classificar e embalar), também tornam a sua produção energeticamente exigente. Para termos uma ideia 1 kg de chá requer 4 a 18 kWh comparativamente a 6,3 kWh para produzir 1 kg de aço.1
A maquinaria usada é frequentemente antiga, resultando numa eficiência energética baixa. O processo de secagem é de todos o que requer mais energia e utiliza muitas vezes lenha proveniente de florestas autóctones. Sendo mais uma causa de deflorestação
Na fatura ambiental do chá, temos assim: perda de biodiversidade, uso de herbicidas e pesticidas, degradação dos solos e desflorestação. Para finalizar temos ainda a importação e transporte do produto, dos mais variados cantos do mundo até chegar ao consumidor final.
Socialmente, muitos destes trabalhadores continuam a não ter as condições de trabalho mais justas. Na base da cadeia produção, os seus salários estão, na maior parte das vezes, dependentes dos quilos de folhas que apanham diariamente e recebem sempre uma fatia pequena e ínfima dos lucros de negócio do chá.
Chá vs Infusão
E uma infusão tem a mesma fatura ambiental que o chá?
As infusões têm algumas vantagens de produção.
As plantas que as constituem podem ser produzidas e consumidas em áreas geográficas bastante mais reduzidas /localmente. Muitas das plantas usadas em infusões são autóctones (p.e. alecrim), ou de fácil cultivo (lúcia lima) e podem ser mesmo usadas de forma natural para controlo de pragas no jardim e em sistemas de produção agrícola regenerativos.
Reduzimos a pegada de carbono associado ao transporte e é uma forma de apoiarmos e valorizarmos pequenos produtores, a economia local e o nosso património Natural.
Fonte:
Sustainability Issues in the Tea Sector A Comparative Analysis of Six Leading Producing Countries, Sanne van der Wal, June 2008